quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Chega a mim sem medo, toca meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções do rádio. Depois me diz: -Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas e nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."



"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando."


"Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas."


-Pablo Neruda

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quedas

Ontem cai cerca de 3 vezes ao longo do dia. Comentei isso com uma amiga, ela riu e disse, você está caindo muito por que está madura, igual as frutas quando estão maduras vão ao chão, e quando ainda estão verdes continuam ali paradas tentando amadurecer.

Essa colocação me deixou agoniada o resto da noite. Por que se sou uma fruta, e se estou madura por que estou caindo? Se sou uma fruta madura, não tinha que ser o oposto, essa tal maturidade me deixaria não cair em poços? Se estou em perfeitas condições (madura) não preciso mais me conhecer dentro dos meus poços? Então é preciso estar maduro para cair nos poços? Ou é preciso estar maduro para sair deles?

E será que algum ser humano conseguiu ser uma fruta tão madura ao ponto de saber quando e como entrar e sair de seus poços?


Sim, eu gosto de poços e abismo.

CONFESSO QUE VIVI - PABLO NERUDA

“Talvez não tenha vivido em mim mesmo, talvez tenha vivido a vida dos outros.
Do que deixei escrito nestas páginas se desprenderão sempre – como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas – as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado.
Minha vida é uma vida feita de todas as vidas: as vidas do poeta.”